
O que a Economia Comportamental ensina aos gestores: lições para liderar pessoas e melhorar resultados
- Arnaldo Poggi
- 20 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de ago.
Por Arnaldo Poggi | Poggi Consultoria e Negócios
Nos últimos 15 anos de estrada como consultor empresarial, atendi centenas de negócios dos mais diversos setores. De empresas familiares desorganizadas a startups tentando encontrar sua curva de crescimento, o que mais me impressiona até hoje é uma coisa: o ser humano. E não estou falando só do cliente final não — estou falando também de quem está por trás do balcão, do caixa, do sistema, da fábrica, da gestão. O comportamento humano é o ativo mais importante de qualquer empresa.
É aqui que entra a Economia Comportamental. Se você ainda não ouviu falar, está na hora de parar tudo e prestar atenção. Essa área da ciência econômica mostra que o ser humano não age sempre de forma racional. Pelo contrário — nossas decisões são tomadas com base em atalhos mentais, vieses cognitivos, emoções e percepções subjetivas.
Quem lidera esse campo é o ganhador do Nobel Daniel Kahneman, que desenvolveu a teoria dos dois sistemas de pensamento (rápido e devagar) e a teoria da aversão à perda, mostrando que perder R$100 dói mais do que ganhar os mesmos R$100 alegra. Outro nome fundamental é Richard Thaler, que ajudou a construir o conceito de nudge — pequenos empurrões que influenciam decisões sem restringir opções.
Mas por que isso importa para você, gestor?
“Entender o comportamento humano é mais importante do que entender planilhas. A planilha só mostra o que já aconteceu. O comportamento mostra o que ainda pode ser mudado.”
— Arnaldo Poggi
Depois de anos sentado em frente a empresários e equipes, percebi que o maior gargalo das empresas não é financeiro nem estratégico — é humano. E mais ainda: é a falta de compreensão sobre quem é o cliente interno e quem é o cliente externo.
O cliente externo é aquele que compra. É o que você atende no balcão, entrega um produto ou envia um link.
O cliente interno é quem está na sua equipe, é quem faz a empresa rodar, quem precisa estar motivado, engajado e produtivo para que o externo receba um bom atendimento.
E o desafio da nova gestão é esse: entender e cuidar dos dois. E cuidar de verdade, não com frase motivacional na parede, mas com estrutura, escuta, clareza de metas, acompanhamento e respeito aos limites comportamentais de cada um.
Três lições da Economia Comportamental para a sua gestão
Viés da reciprocidade
As pessoas tendem a retribuir o que recebem. Se você dá apoio, elas entregam mais. Se você pressiona com medo, elas se retraem. Um bom líder entende que liderar é dar o primeiro passo.
Ancoragem e tomada de decisão
A primeira informação dada influencia tudo o que vem depois. Isso vale para precificação, mas também para cultura interna. Se você ancora sua equipe na desconfiança, vai colher resistência. Se ancora na confiança, vai colher protagonismo.
Aversão à perda
Ninguém quer perder. Quando você muda uma meta ou uma bonificação, o sentimento de perda pode ser mais forte que o ganho prometido. Estruture incentivos com cuidado. Não corte de forma brusca. Dê tempo e contexto.
Liderar com comportamento em mente é liderar com inteligência
Uma empresa que respeita os limites do ser humano e entende os padrões mentais das pessoas consegue resultados melhores e mais sustentáveis. Isso não é papo de psicólogo — é ciência, é dados, é experiência de campo. E eu posso afirmar: toda empresa que aplica esses princípios colhe frutos visíveis.
Quer uma dica prática? Comece olhando para sua equipe como você olha para o cliente. Faça perguntas como:
O que meu colaborador valoriza?
Como ele percebe justiça, reconhecimento e recompensa?
Qual o gatilho que gera engajamento ou sabotagem?
Quando você entende que cada pessoa é movida por uma lógica diferente — e que essa lógica nem sempre é racional — você começa a se tornar um líder melhor.
Finalizando…
Se a sua empresa não entende de gente, ela não entende de negócios.
E se você quer transformar sua gestão, comece não pelas finanças, mas pelo comportamento.
A Economia Comportamental não é modinha — é ferramenta de alta performance. E, com ela, você deixa de apagar incêndios para começar a construir futuro.
— Arnaldo Poggi,
Consultor de empresas, mentor de líderes, e alguém que acredita que comportamento muda resultado.
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